Maria
Bonita
(Joésia Ramos e Maria Lúcia Dal Farra)
A
Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita
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Mulher-suçuarana
dos grandes peitos de mel,
Santinha assalta Virgulino num bote bem apregado!
Diante dela, Maria de Déia,
os cardeiros reluzem de volúpia,
chamegam nos ardores as malacachetas,
se abre a fruta vermelha do mandacaru
se animam em coro as cigarras...
os espinhos da macambira e os sabres de xique-xique
zelam por minha Déia!
Há
um cheiro de frutas e raízes
que os passos de Maria Alcina espalham...
De onde vem esta toada repinicada de aromas?
Corre no ar um gosto de laranja-de-umbigo
espinhada a pau de canela e cravo moreno
- cheirando a doce de calda!
Nas
rodas da saia dela, Virgulino virou outro!
Com essa sua mulher (poço de balsâmicos milagres),
queria ter tudo e não tem nada!
Quisera, emparelhado com ela,
bater os caminhos cheirosos
-
largueza da sua infância!
Ah,
quem lhes dera um mundo diferente,
sem cerca e sem traição
sem cancela e sem persiga!
Ah,
Maria Alcina, Maria de Déia,
Maria Bonita, minha Santinha!
Mulher desses tantos nomes
- tão poucos para contê-la!
Joésia
Ramos: viola caipira e vozes
Cobra Verde: sanfona
Dinho Dog: baixo
Pequeno: percussão
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